Saturday, October 7, 2017

Crashing Cars

Fui eu que escolhi, vesti o fato, tirei a prancha e caminhei até ao mar, mas os meus sentidos deviam de estar desligados. Não dei importância ao vento, não dei importância à quantidade de espuma branca no mar. Só no primeiro mergulho, quando a prancha resistiu e deu resposta a estar submersa é que acordei da alegria de ir surfar ao final de mais um dia. Mas tudo bem, a natureza mexe conosco e ás vezes até fere, mas a dor é ganho, é recompensada pela energia que ganhamos por estar com o vento. entre o mar e as nuvens. 

Escolhi ignorar, e é sempre uma má escolha, seja no ignorar das nossas vontades, sonhos ou a vez de outra pessoa. Ignorar é virar as costas ao que existe mesmo. Por isso posso chamar-me de ignorante, muito, porque viro sempre as costas ao que me dói, ao que traz tristeza, achando que não se deve dar atenção ao que nos magoa. É entrarmos em negação, e é nesse estado que a maioria de nós vive. Em negação com os seus sentimentos, desejos, mas mais importante, na semelhança com o outro que age de forma absurdamente diferente, mas foi gerado da mesma forma. Tivéssemos todos coragem de olharmos o outro e compreendê-lo, perceber que somos todos ignorantes no erro ou no certo dos nossos gestos. Com humildade repito as palavras de Sócrates, sem o final de superioridade, apenas a afirmação da ignorância, do saber que nada sei, que sei muito pouco de muito para saber.

E a Arte mente, mas às vezes só assim encaramos a Verdade.

Que pode um fazer quando a tristeza de não sentir um propósito pesa mais que qualquer distração? Vivemos todos num estado de constante arrependimento, caso contrário viveríamos como santos, em beatitude de anjo. Mas podemos abrir os olhos e perceber que somos herdeiros das nossas falhas, não das nossas escolhas. Que sabemos nós do destino para onde somos conduzidos. Vamos num carro sem destino, por vezes em excesso de velocidade, a passar vermelhos, a sofrer acidentes. As falhas são o ter pressa, o ser impaciente, o ser egoísta, o ser preguiçoso e escolher ignorar, o não tomar tempo para estar consigo próprio e conhecer-se.

The true and durable path into and through experience  involves being true … to your own solitude, true to your own secret knowledge.
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Seamus Heane

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